Felino
28 de fevereiro de 2019
Eu, um gato siamês,
deitado no seu colo,
sentindo suas unhas a me coçar
a cabeça,
a nuca,
as costas,
em intervalos perfeitos e hipnóticos.
Meus olhos felinos fecham-se
a cada carinho, a cada roçada
e logo se abrem, sem nada olhar;
imóvel, meu pescoço de esfinge
espera altivo até que a mão retorne.
E assim despenca a noite…
Poderia ficar assim até a eternidade,
mas estou gato
e entregue só por este momento,
porque logo me levanto
e, forçando meu dorso contra os seus dedos,
espreguiço-me lentamente e saio
sem parcimônia ou culpa,
sem aviso e sem remorso,
para só voltar uma próxima vez,
quando da minha necessidade.